Serena madrugada

O relógio ostentava 01:00 da manhã. A casa estava escura e mansa, mas silêncio não é sinônimo de paz. Sempre teve medo do escuro, ainda tinha. 
Custava dormir. Deitava na cama e fechava os olhos, a luz apagada, o silêncio acalmando, a casa adormecendo, mas ela não. Estava acordada. Mas ninguém podia perceber. Se percebessem, estava perdida.
Tinha que continuar de olhos fechados, quem sabe adormecesse? Mesmo assim, não resistia, abria os olhos por milésimos de segundos e rapidamente os fechava em meio a uma escuridão assustadora. Abria-os de novo. Fechava-os.
Até que simplesmente abria os dois olhos e ficava a observar o quarto. Os cantos das paredes eram obscuros, as sombras se formavam, era inevitável. E ela imaginava, imaginava e imaginava.
Escuridão em sua mente.
Imaginava um covil, monstros assutadores, mãos magras e pálidas tocando-a, não sentia dor, não, isso não. Era apenas medo. Não controlava mais a si mesma. Não conseguia parar de imaginar-se em meio a cenas horrendas.
Ela suava frio... Tremia de medo.
Não conseguia mais abrir seus olhos, o medo era avassalador.
A mente brincava com ela. Joguinhos lúdicos.
A fazia ver coisas que não estavam lá, coisas que não existem. Como isso pode ser verdade?
Queria dormir, por que ela não conseguia?
Seu corpo todo estava em êxtase. Não conseguia sair de baixo do cobertor.
A madrugava passava e ela estava convicta que não iria mais dormir.
Talvez... Nunca mais.
A única certeza era: ela não estava só.